Investimentos Inteligentes - A Jornada se inicia
No artigo anterior, vimos como Larissa planejou sua estratégia de Alocação de Ativos. Agora, chegou a hora de acompanharmos os primeiros passos de Larissa na trilha para a Independência Financeira.
Os objetivos do artigo são:
- Motivar o leitor a iniciar, IMEDIATAMENTE, a investir em outros produtos financeiros que não a Caderneta de Poupança;
- Demonstrar que investir pode ser mais fácil do que, inicialmente, aparenta;
- Elaborar uma metodologia modelo para ser utilizada junto com a estratégia de Alocação de Ativos;
- Mostrar, na prática, através de uma Carteira de Investimentos Virtual, o funcionamento da estratégia Alocação de Ativos.
ATENÇÃO
O artigo a seguir foi escrito para fins meramente educacionais. As informações, dados e operações apresentadas, apesar de basearem-se em cotações reais, tratam-se de mera simulação. Em nenhuma hipótese tratam-se recomendação de investimento. Decisões de investimento baseadas nas informações apresentadas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de quem assim o fizer, não sendo o autor responsável pelas consequências destas decisões.
Recordando...
Personagem: Larissa
Remuneração Líquida: R$ 2.712
Aporte Remuneração Normal: 10%
Aporte Remuneração Extra: 20%
Alocação: 25% Renda Fixa; 25% Fundos Imobiliários; 25% Ações; 25% Câmbio; Alocação variável, dependendo do desempenho de cada categoria.
Valor Mínimo para Operação em Bolsa: R$ 580
Características dos Títulos Públicos
A primeira coisa que Larissa fez foi aprender mais sobre títulos públicos, uma modalidade de investimento de Renda Fixa.
Tesouro Direto: é a plataforma eletrônica de negociação de Títulos Públicos para Pessoas Físicas.
Títulos Públicos: são títulos da dívida pública federal, remunerados a uma determinada taxa de juro. Ou seja, quando alguém compra um Título Público, na prática, está emprestando dinheiro para o Governo Federal executar seus programas sociais.
Limites de Compra e Venda: É possível comprar a partir de 0,1 Título, respeitando o limite mínimo de R$ 30. Não há limites para vendas, porém somente são realizadas às quartas-feiras.
Os Títulos Públicos podem ser prefixados e pós-fixados.
Os títulos prefixados possuem rentabilidade definida no momento da compra, ou seja, o investidor sabe exatamente o valor que irá receber se ficar com o título até a data de seu vencimento. Para cada unidade de título, o valor bruto a ser recebido é de R$ 1.000,00. São as LTN (Letras do Tesouro Nacional) e as NTN-F (Notas do Tesouro Nacional – Série F). Esses títulos são indicados para o investidor que acredita que a taxa prefixada será maior que a taxa de juro básica da economia. Além disso, por terem a rentabilidade predefinida, seu rendimento é nominal.
Já os títulos pós-fixados possuem seu valor corrigido por um indexador. Assim, a rentabilidade da aplicação depende do desempenho do indexador e da taxa contratada no momento da compra. Os títulos pós-fixados ofertados no Tesouro Direto são: NTN-B Principal (Notas do Tesouro Nacional – Série B Principal), NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – Série B), LFT (Letras Financeiras do Tesouro).
LTN (Letras do Tesouro Nacional)
É um título prefixado, ou seja, a rentabilidade é definida no ato da compra. Seu fluxo de pagamento é simples: o investidor faz a aplicação e recebe o valor de face, R$ 1 mil, no vencimento, sendo que este inclui o capital e os juros.
Se o LTN 010118 (os números significam o vencimento: 01/01/2018) está sendo vendido a R$ 623,99 (Taxa de 13,02% a.a.) e o valor de face é R$ 1 mil, significa que até o seu vencimento o investidor que o comprar a esse preço terá um rendimento de R$ 376,01. Em resumo, compra o título por R$ 623,99 e recebe em 01/01/2018 o montante total de R$ 1 mil, menos Imposto de Renda.
Já podemos perceber um risco ao se adquirir este título: a flutuação da taxa de juro.
Ora, se com a SELIC a 10,5% a.a. o título está pagando uma taxa de 13,02% a.a., obviamente, se a SELIC aumentar para 11% é natural que a taxa do título também se eleve. A consequência para o investidor é que o valor de mercado do título será depreciado. Caso queira vender antes do vencimento, poderá ter prejuízo. Portanto, num cenário de elevação da taxa de juro, como o atual, é um título arriscadíssimo.
Por outro lado, se houver uma redução da taxa de SELIC, a taxa do juro também tende a ser reduzida, portanto, o valor do título tende a se elevar. Assim, num cenário de queda da taxa de juro esse título pode fornecer rentabilidades excepcionais.
Outro risco ao qual o investidor neste título está submetido é o descontrole inflacionário. Ora, se a rentabilidade do título foi pactuada em 13,02% ao ano, uma degradação da economia poderia levar a inflação para patamares anuais superiores ao desta rentabilidade. Isso teria como consequência para o investidor uma rentabilidade real negativa, ou seja, perda do poder de compra.
NTN-F (Notas do Tesouro Nacional - Série F)
Também é um título prefixado, com rentabilidade definida no momento da compra. Porém, seu rendimento é recebido pelo investidor ao longo do investimento, por meio de cupons semestrais de juros.
Os cupons semestrais de juros são equivalentes a 10% a.a., calculado sobre o valor de face (R$ 1 mil). Ou seja: R$ 48,81 (menos Imposto de Renda). A vantagem desse fluxo intermediário é que possibilita reinvestimentos, no mesmo título ou em outras ativos. A desvantagem é que os primeiros cupons são tributados à maior alíquota de Imposto de Renda.
Os mesmos fatores de riscos citados no LTN valem para o NTN-F.
NTN-B Principal (Notas do Tesouro Nacional - Série B - Principal)
Podemos dizer que o NTN-B Principal é um título misto, com uma parcela prefixada e outra pós-fixada. A parcela prefixada diz respeito a taxa de juro acordada no momento da compra, da mesma forma que nos LTN e NTN-F. Já a parcela pós-fixada diz respeito a variação do IPCA, índice oficial de inflação. Também possui um fluxo de pagamento único, no vencimento.
Esse título permite ao investidor obter rentabilidade em termos reais, mantendo seu poder de compra ao se proteger de flutuações do IPCA ao longo do investimento. A diferença para os títulos anteriores é que seu valor de face é sempre atualizado para garantir a rentabilidade real acordada.
Os mesmos riscos se aplicam, agora amenizados porque parte do título é corrigida de forma pós-fixada, portanto, a taxa de juro prefixada acordada é menor.
NTN-B (Notas do Tesouro Nacional - Série B)
Semelhante ao NTN-B Principal, com a diferença que há o recebimento semestral de cupons de juros, à semelhança com o NTN-F.
O cupom semestral de juros pago é de 6% a.a. sobre o Valor Nominal Atualizado no título. Riscos similares ao NTN-B Principal.
LFT (Letras Financeiras do Tesouro)
É um título pós-fixado cuja rentabilidade segue a variação da taxa SELIC, a taxa de juros básica da economia. O seu valor de mercado apresenta baixa volatilidade, evitando perdas no caso de venda antecipada. Mas também por isso sua rentabilidade tende a ser mais baixa que a dos demais títulos. Também possui fluxo de pagamento simples.
Entre todos os títulos disponíveis é o mais conservador, preservando de maneira mais segura o capital investido, uma vez que seu valor de face é atualizado diariamente, sempre atrelado a variação da SELIC.
Dezembro/2013
Dentro da classe Renda Fixa, resolveu primeiro dividir seus investimentos igualitariamente entre pós-fixados (34%), IPCA (33%) e prefixados (33%). Como as duas últimas categorias possuem dois tipos de títulos (pagamento de juros semestrais ou não) ela decidiu que em cada tipo será alocado 16,5%. Por fim, como seu objetivo é de Longo Prazo, decidiu que sempre compraria o título com vencimento mais distante. Assim, sua alocação em Renda Fixa ficou dessa maneira:
Feito o DOC de R$ 271,20 no dia 02/12/2013, o dinheiro ficou disponível na conta da Corretora em 03/12/2013.
Nesse dia, os títulos acima estavam disponíveis para compra pelos preços a seguir:
Decidiu, então, comprar primeiro o NTNB 150850. O saldo somente permitiu adquirir 0,1 título. Além do preço (R$ 217,96) teve um custo com a taxa de administração da corretora (0,20%) no valor de R$ 0,44 totalizando um gasto de R$ 218,40.
A dividirmos os valor gasto (R$ 218,40) pela quantidade de títulos adquiridos (0,1) temos o custo médio por título: R$ 2.183,98. Perceba que é ligeiramente maior que o preço de compra. O extrato da movimentação em sua conta corrente é o que segue:
Não sendo possível aquirir mais nenhum ativo com o saldo em conta, resta a Larissa aguardar a possibilidade de fazer novos aportes.
No dia 20/12/13 recebeu a segunda metade do décimo terceiro, o que lhe permitiu investir mais R$ 271,20. Feito o DOC, no dia 23/12/13 ela possuía um saldo de R$ 324 disponível para aplicação na conta da Corretora. Os preços dos Títulos Públicos, nesse dia, eram:
Adquiriu:
0,1 NTNF 010123 ao custo total de R$ 89,45
0,1 LTN 010117 ao custo total de R$ 70,33
0,1 NTNB Principal 150535 ao custo total de R$ 60,67
O saldo restante (R$ 103,55) ficou preservado para que seja somado a novos aportes com objetivo de adquirir o último título que falta: LFT 0701317. O extrato de movimentação da conta corrente na Corretora é o que segue:
Ao fim, do mês, seus recursos estavam aplicados em Renda Fixa, distribuídos entre os seguintes ativos:
A rentabilidade de cada ativo ficou assim:
O rentabilidade do mês foi de +0,9%. A Carteira fechou com +0,3% de rentabilidade em relação ao custo médio dos ativos.
Janeiro/2014
No dia 02/01, Larissa recebeu juros referente ao NTNF 010123 no valor líquido de R$ 3,78. Além disso, transferiu para sua conta na Corretora mais R$ 271,20. Agora contava com um saldo de R$ 378,53. Para adquirir 0,1 LFT 070317 precisaria de R$ 590,53. Como o saldo disponível não era suficiente, Larissa teve que aguardar.
No dia 10/01 recebeu, a título de PLR, metade de uma remuneração. Mais R$ 271,20 para investir que ela, prontamente, transferiu para a conta da Corretora. Seu saldo, agora, era de R$ 649,73. No dia 13/01, o preço do LFT 070317 era R$ 5.918,54.
Adquiriu:
0,1 LFT 070317 ao custo total de R$ 593,03
Restou um saldo de R$ 56,70 que será somado aos novos aportes para novas operações, no futuro.
Ao fim do mês, a alocação de seus investimentos nos diversos ativos era a seguinte:
O rentabilidade do mês foi de -1,8%. A Carteira fechou com -1,8% de rentabilidade em relação ao custo médio dos ativos.
Conclusão
Mesmo na Renda Fixa há volatilidade de preços. É preciso que o investidor tenha paciência e persistência para que a "mágica" dos juros compostos possa fazer seu efeito. O início é sempre a etapa mais difícil do processo.
O crescimento se dá a passos curtos e, muitas vezes, podemos ser surpeendidos com perdas repentinas em função da volatilidade dos preços. Mas perceba que já no primeiro mês nossa personagem obteve receita com juros. À medida que o valor investido seja maior, a receita com juros também aumentará. Esse será o causador do efeito Bola de Neve.
Pense nisso!
Um grande abraço e até a próxima!
Kleber Rebouças
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