Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013


Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Olá pessoal!

Indecisão total no mercado durante o mês dezembro. o IBOV andou de lado o mês todo. Se não fosse pelo baixo volume no final do mês poderíamos ter uma melhor definição a respeito da direção que o mercado tomará no início de 2014. Toda cautela é pouca.

Os objetivos deste artigo são:

  • Demonstrar como acompanhar a rentabilidade de uma carteira de investimentos;
  • Demonstrar como comparar a rentabilidade de uma carteira de investimentos com outros indicadores;
  • Comentar as principais variações na carteira;
  • Explicitar técnicas de análise de ativos;
  • Comentar as principais expectativas para os períodos futuros.

ATENÇÃO


O artigo a seguir foi escrito para fins meramente educacionais. Apesar de basear-se em fatos reais não se trata, em nenhuma hipótese, em recomendação de investimento. Os ativos citados no texto, bem como as rentabilidades apresentadas, são decorrentes de ativos nos quais o autor investe e de suas variações de preço conforme situação específica da carteira de investimentos do autor. Decisões de investimento baseadas nas informações apresentadas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de quem assim o fizer, não sendo o autor responsável pelas consequências destas decisões.





Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013


Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

O mês de dezembro deve ter sido terrível para quem tentou ganhar com a volatilidade do mercado. O destaque, porém negativo, ficou com os fundos imobiliários que apresentaram queda consistente, sem alívio. Sinais de desconfiança com o mercado imobiliário? Sinceramente, não sei. Mas acredito que há uma bolha a ser desinflada e que enquanto a tendência for de elevação da taxa de juro oficial, a SELIC, os fundos imobiliários sofrerão.


Rentabilidade da Carteira nos últimos 12 meses


Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Se Novembro havia sido ruim, Dezembro conseguiu ser pior. Mas há uma ressalva importante a ser feita. A CEMIG decidiu bonificar seus acionistas (ordinários e preferencialistas) com ações preferenciais (CMIG4) na proporção de 30,76% da quantidade de ações em carteira, através da emissão de novas ações precificadas a R$ 5,00 de valor unitário.

A data ex-direitos se deu em 27/12/2013. Porém o crédito das ações só ocorreu em 03/01/2014, portanto, em meses diferentes. Disso decorre no dia 27/12 as ações CMIG3 amanheceram mais baratas que o fechamento anterior (Fechamento 26/12: R$ 18,69 // Abertura 27/12: R$ 14,40). Suponhamos que um investidor tivesse, no dia 26/12, 100 CMIG3. Ao valor de R$ 18,69 significaria um total de R$ 1.869,00. No dia seguinte, CMIG3 abriu a R$ 14,40 o que significou um total de R$ 1.440,00.

Significa dizer que o investidor perdeu, então, R$ 429? Não, por que ele recebeu 30 CMIG4 que foram cotadas na abertura do dia 27/12 a R$ 14,17, totalizando R$ 425,10. Além disso, a parte fracionária (0,76 ações) será paga ao investidor quando da distribuição de dividendos. Se o crédito das ações tivesse sido no mesmo mês, a rentabilidade de Dezembro teria sido -2,3% (explicações mais detalhadas desse processo de bonificação serão objeto de outro artigo).

Mas perceba que os R$ 429 "desapareceram" da carteira em dezembro. E os R$ 425,10 somente "aparecerão" na carteira em janeiro. Ou seja, em Dezembro o cálculo da rentabilidade ficou prejudicado porém em Janeiro ele será beneficiado.


Evolução da Carteira


Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

A defasagem, para que a Carteira volte ao positivo (em termos de rentabilidade real), até o mês é de 11,4%. O IPCA de Dezembro/2013 fechou em 0,92%, terrivelmente alto. Possivelmente haverá novas altas da taxa de juro para conter a inflação. Os analistas, antes de ter este valor do IPCA, projetavam a taxa SELIC a 10,5% ao fim do ano. Eu já não estava tão otimista. Agora então... 2014 deverá ser um ano negro. Espero estar errado.

Diferentemente do mês anterior, não houve nenhuma movimentação significativa em termos de aportes e retiradas. Assim, a variação dos preços dos ativos foi a única coisa que afetou a alocação destes.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013


Por dentro da Carteira


Já exploramos a Carteira de maneira global. Agora nos concentraremos nas operações mensais que serão planejadas e/ou executadas. No mês de Dezembro não houve nenhuma alteração. Os ativos que apresentaram melhor e pior desempenhos foram:

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013


Ações: Sai: PDGR3   ///   Entra: BRML3


A primeira "troca de cadeiras" do ano será substituir as ações da PDG pela BR Malls. Na verdade, a aquisição de PDGR3, desde o começo, foi equivocada. Portanto, tinha que dar o resultado que deu: desvalorização de 55%. Mas esse resultado não considera os rendimentos provenientes do aluguel das ações durante esse período. Se o fizermos a desvalorização reduz-se para 53%.

Mas vamos focar as razões da escolha da BRML3.

A BRMALLS é a maior empresa de shopping centers do Brasil, com participação em 51 shopping centers. Possue atualmente 1.621 mil m² de Área Bruta Locável (ABL) Total e 935 mil m² de ABL próprio, com percentual médio de participação em nossos shoppings centers de 57,7% (Extraído do site da empresa). Para ver uma apresentação institucional da empresa clique aqui.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

No Ranking que elaboro para avaliar oportunidades, a BRML3 está na 5ª posição. TPIS3 e DAYC4 foram preteridas por serem SmallCaps e, para equilibrar a Alocação de Ativos, precisarei adquirir uma MidLargeCap. Já BBAS3 e OIBR4 foram preteridas por já fazerem parte da Carteira.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Na tabela acima, a primeira coluna apresenta indicadores fundamentalistas para a data de referência enquanto a segundoa apresenta a posição da BRLM3 no Ranking (que possui, atualmente, 153 ações). Mas uma foto estática de um momento não é suficiente para se decidir pelo investimento. Pelo menos três perguntas devem ser respondidas:

  1. É uma empresa sólida?
  2. É uma empresa rentável?
  3. O preço atual é interessante?

Por uma empresa sólida devemos entender aquela que, em caso de liquidação, permita, no mínimo, repor aos acionistas o capital investido. Para isso os ativos (bens e direitos) precisam ser superiores aos passivos (obrigações). Mais do que isso, é preciso checar a consistência dessa relação no tempo.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Podemos observar que a relação Ativo/Passivo (linha verde) se mantém estável desde Dezembro/2011. As oscilações anteriores relacionam-se ao forte investimento na aquisição de ABL (Área Bruta Locável). Preocupa um pouco, se visto de maneira isolada, o fato do crescimento dos ativos (12,9% a.t.) ser inferior ao crescimento do passivo (16,% a.t.) durante todo o período. Mas como já foi conseguida uma estabilização é possível, ceteris paribus, esperar uma redução do passivo com o aumento da receita resultante do crescimento da ABL. Assim, temos uma resposta afirmativa para a primeira pergunta.

A lógica de se investir numa empresa é:

a) Acionistas investem determinado capital;
b) Para comprar Ativos;
c) Que geram Receitas;
d) Que, após abatidos os custos e despesas resultam num lucro ao acionista.

Ora, mas uma vez que o investidor tem a oportunidade de, com um grande grau de segurança, emprestar seus recursos ao Governo Federal, a lucratividade da empresa, antes da distribuição dos dividendos aos acionistas, precisa, necessariamente, ser superior a Taxa de Juro livre de risco que, em tese, seria a SELIC (líquida do Imposto de Renda).

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

É de se esperar que uma empresa possua um tempo de maturação para que comece a, efetivamente, dar lucro e que este seja irregular na análise trimestral, uma vez que a há oscilações na economia. Assim, o gráfico anterior nos mostra que o RPL (Retorno sobre o Patrimônio Líquido - L/PL no gráfico) teve um período inferior a SELIC (inclusive negativo) e, posteriormente tem apresentado resultados superiores.

Para facilitar a análise, vamos simular como evoluiu até hoje R$ 100 do PL da empresa em comparação com o mesmo corrigido pela SELIC.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

O gráfico acima nos mostra que, apesar de um período de rentabilidade inferior, o lucro proporcionado pela BRML foi 13,6% superior a SELIC. Possívelmente, à primeira vista, pode não parecer um rendimento tão bom para correr o risco. Porém, vale lembrar que o último prejuizo registrado foi no 4º Trimestre de 2008. Depois foi apenas lucro. Veja o gráfico anterior a partir de Dez/2008.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Agora, no novo período selecionado, o PL da BRML3 valorizou-se 36,0% além da SELIC. Portanto, a reposta para a segunda pergunta é, também, afirmativa.

O preço de mercado (valor pelo qual a ação é negociada em bolsa) não está, necessariamente, alinhado ao valor patrimonial (quanto está registrado contabilmente) da empresa. Por vezes, o mercado sub ou sobreavalia a empresa. Existem diversas metodologias para se verificar se uma empresa está barata ou não. Aqui vamos analisar uma muito simples que é avaliar alguns indicadores em relação a referências de mercado.

A cotação da ação está em R$ 17,05. O último LPA (Lucro Por Ação) trimestral foi de R$ 0,23. Isso daria um LPA % de 1,35% a.t. A SELIC no patamar atual renderia 2,59% a.t. Aparentemente um resultado desfavorável a BRML3. Mas, observe novamente os gráficos e veja que os lucros da companhia geralmente são maiores no último trimestre, fechamento do balanço. Então, se olharmos para os resultados dos últimos 4 trimestres temos um LPA de R$ 3,42, o que representaria uma lucratividade de 18,2%. A Taxa SELIC, livre do Imposto de Renda, hoje, é 8,5%. Ou seja, um resultado 114% superior a favor da BRML3.

Outro importante indicador é o P/VP (Preço / Valor Patrimonial). Sempre que este indicador é inferior a 1, caso da BRML3, significa que a ação está sendo negociada por um valor inferior ao seu Valor Patrimonial. Ou seja, se a empresa fosse liquida ainda assim o investidor teria lucro.

Por fim, um investido focado em dividendos olharia para o Yeld. O Yeld é a rentabilidade do investidor em termos de dividendos. No quadro podemos observar um Yeld de 2,77%. Ou seja, esse percentual seria distribuído pela empresa na forma de dividendos. Portanto, R$ 0,47 centavos por ação por ano. Assim, podemos concluir que a resposta para a terceira pergunta é, também, afirmativa.

Claro que a análise acima não abordou todos os pontos possíveis. Uma análise mais aprofundada olharia para o futuro da empresa, seus investimentos previstos, sua projeção de fluxo de caixa. Mas, dado os objetivos desste artigo, entendo que até aqui está de bom tamanho.

Para aprofundar:

Rico Dinheiro: Arquivo utilizado nas análises e gráficos
XP Investimentos: Relatório: Trading Idea: Long & Short Fundamentalista: BR MALLS (BRML3) x IGUATEMI (IGTA3)
WinTrade: Análise Fundamentalista da BR Malls Par ON (BRML3)
Fundamentus: BRML3
GuiaInvest: BRML3


FII:  Sai: BRCR11   ///   Entra: TBOF11


A venda de BRCR11 se dá, obviamente, porque ficou na pior colocação do meu Ranking de FII. O Ranking é composto por 45 FII, todos fazem parte do índice IFIX. BRCR11 ficou na 38ª posição.

Já o seu substituto, TBOF11 (Tower Bridge Corporate), ficou na 1ª posição.

Carteira de Investimentos - Dezembro de 2013

Os dados tabela nos mostram que é um fundo cujo preço de mercado é 70% do valor patrimonial, ou seja, está sendo negociado por um preço menor que o valor avaliado dos seus imóveis. A título de curiosidade, dos 45 fundos do Ranking, apenas 10 possuem P/VP maior que 1. Isso se deve a elevação da taxa de juro, que vem penalizando constantemente os FII.

Tanto o último Yeld (0,99%) quanto o Yeld Média (0,91%) são superiores a SELIC mensal (0,80%). Calculo o Yeld Média pela média dos rendimentos distribuídos nos últimos 12 meses dividido pela cotação do momento.

Por fim, o último rendimento foi 8,5% superior a média dos últimos 6 meses, que é o tempo de existência do fundo.

Vale frisar que FII ainda é novidade para mim. Portanto, poderei, a qualquer momento, alterar os critérios do Ranking.

A análise da qualidade de um FII depende do tipo de investimento que o fundo faz. Basicamente, são três tipos:

  • Fundo de Tijolo: utiliza os recursos para comprar imóveis reais, já construídos ou em construção, para obter rentabilidade ao cotista por meio de aluguel ou valorização do imóvel;
  • Fundo de Papel: utiliza os recursos para comprar títulos atrelados a CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), e a rentabilidade é proveniente da negociação da taxa de juro;
  • Fundo de Fundo: utiliza os recursos para comprar outros fundos imobiliários.

O TBOF11 é um fundo de tijolo. Portanto, na sua análise, devem ser tomados os mesmos cuidados ao se comprar um imóvel diretamente: localização, idade do imóvel, vizinhança, locatário, potencial de valorização...

O fundo possui 100% do Edifício Tower Bridge Corporate (São Paulo - SP), a ocupação atual de 65,8% (11/13) e possui rendimento mensal garantido de R$ 0,67 por cota até 06/14. Segundo material publicitário, é "uma das mais prestigiadas e bem-servidas regiões corporativas de São Paulo". O imóvel possui 24 pavimentos de lajes corporativas, totalizando 55.079 m², 5 subsolos de estacionamento +1 Subsolo Intermediário que oferecem 1.616 vagas para automóveis.

O Fundo inicia suas operações com locatários diferenciados e de primeira linha, como por exemplo: Grupo Fleury, Banco Toyota, TAM e Zurich Seguros. Possui assessoria da Tishman Speyer, que é desenvolvedora, proprietária, operadora, e administradora de investimentos imobiliários em todo o mundo. Entre seus ativos mais reconhecidos estão o Rockefeller Center e o Chrysler Center, em Nova York, o Sony Center de Berlim, a Torre Norte e Rochaverá de São Paulo e o Ventura Corporate Towers no Rio de Janeiro.

No site do Tetzner é possível ver belas fotos e um vídeo da região onde o prédio se localiza.

Para aprofundar:

BMF&BOVESPA
Blog FII
Blog TETZNER
Bastter


No próximo artigo, apresentarei os resultados das operações.


O que esperamos


Devo admitir que estou pessimista em relação a economia em 2014. Taxa de juro continuará a subir, FIIs terão um ano de queda, bolsa dificilmente se recuperará esse ano, dólar nas alturas, possível bolha imobiliária. Porém estou ciente de que este pessimismo trará bons frutos.

Parece contraditório? Pois não é.

Se temos uma economia ruim, as pessoas agem em manada e tentam livrar-se de ativos e, geralmente, aceitam qualquer preço. Alguns precisam desfazer-se de seu patrimônio para quitar dívidas. Então, 2014 pode ser o ano das compras de ativos baratos. Assim, focando no longo prazo, 2014 pode ser o ano em que as pechinchas farão diferença.

Ou não!


Pense nisso!

Um grande abraço e até a próxima!


Kleber Rebouças

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Comentários

  1. Oi Rico Dinheiro . Acompanho seu blog há um tempo e estou iniciando um novo projeto. Você poderia adicionar o meu link na sua lista de blogs? (www.itradesys.com.br)

    Obrigado.

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